Richard Zimler - Meia-Noite ou o Princípio do Mundo




Prenda de aniversário que me suscitou alguma desconfiança, derivada do facto de nunca ter lido nada do autor, este "Meia-Noite ou o Princípio do Mundo", de Richard Zimler, foi uma agradável surpresa. O livro conta-nos a história de John Zarco Stewart, desde a sua infância até ao início da meia-idade, no início do século XIX. E que viagem será esta!
John é filho de uma judia portuguesa e de um escocês, e vive no Porto. Devido à perseguição religiosa ainda presente no país, John desconhece a sua herança cultural, mas não deixa de ser uma criança de uma sensibilidade extrema. E as suas experiências de infância vão marcá-lo e persegui-lo para o resto da vida. Nós, leitores, somos convidados a acompanhar esse percurso, a desvendar os mistérios que lentamente se vão desenrolando...
Toda esta meada está muito bem enredada, e a forma como a história evolui acontece no ritmo ideal para manter o leitor interessado e ávido de respostas. Assim, a leitura deste livro de mais de 500 páginas foi feita num ápice, e com muito prazer. Recomendo vivamente.

Eels ao vivo no Coliseu dos Recreios, ou a noite do Blues Rock




O regresso de Mr. E a palcos portugueses, passados 9 anos de ausência, ocorreu no passado dia 19 de Setembro, com um concerto único no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
A noite estava calma, com pouca afluência de público aquando das 2 primeiras-partes a que o concerto teve direito. Só depois das 22h é que Mr. E e sua banda, todos barbudos e com óculos-de-sol, subiram ao palco, agora com mais público na audiência - primeiro mais calmamente, mas foi "sol de pouca dura". Ao fim da segunda ou terceira música, entraram na onda de blues rock electrizante que viria a caracterizar o concerto. Um concerto de pura energia, quase sem interrupções - o que facilitou a vida a pessoas como eu, que não conhecem assim tão bem a discografia do senhor. Do pouco que reconheci, Mr. E's beautiful blues teve direito a uma roupagem que quase a deixou irreconhecível, cantada ao som de La Bamba...
Mr. E, com o seu fato-de-macaco branco e lenço na cabeça (ao estilo ZZ Top!), esteve muito bem. Diferente do que estava à espera (um concerto mais intimista), mas muito bem. Antes assim. Pelo menos, não temos que nos preocupar com a sua depressão. Não enquanto houver esta catarse pelo rock. Para já, está a salvo.

Solércia




Há coisa de pouco mais de uma semana, fui, por sugestão da família, ver este espectáculo de nome Solércia. Representado pela companhia teatral TapaFuros, tem como espaço cénico a Quinta da Regaleira, em Sintra, onde diferentes obras de Gil Vicente vão sendo abordadas em diferentes espaços da Quinta.

O espectador segue os actores, por entre jogos de luz e sombra. Confesso que, ao início, havia naquele ambiente algo que me assustou: a capela recortada, habitada por seres mascarados, quase que me transportou no tempo...

Apesar da estranheza inicial, é uma experiência que vale muito a pena. A Quinta da Regaleira é um espaço lindo, perdido entre contos de fadas e rituais de iniciação. Tudo é simbolismo, lembrando, talvez, um significado maior para a vida. É, assim, uma forma priveligiada de visitar a quinta, ainda mais mágica, guiada por esses seres de outros tempos...

O espectáculo estará em cena até dia 10 de Outubro, de quinta a sábado às 22h, e aos domingos às 21h. Na Quinta da Regaleira, um serão bem passado.

O norte de França numa viagem de carro

O início do mês trouxe consigo uma viagem por terras alheias, há muito ansiada. Os detalhes serão pouco, ficam apenas as imagens, testemunho da beleza do mundo.


Bordéus, junto ao rio


Mont St. Michel (como que um conto de fadas)


Omaha Beach, uma das praias normandas do dia D


Jardim do pintor Claude Monet, em Giverny


Dune du Pylat, a maior duna da Europa
Fotos por R. B. e R. G.

Mia Couto - Na berma de nenhuma estrada




Já lá vai algum tempo desde que li esta compilação de contos de Mia Couto, intitulada "Na berma de nenhuma estrada". Como já podem ter dado conta, Mia Couto é um escritor que muito aprecio, tanto ao nível da prosa, como ao nível da poesia. Talvez por isso mesmo este livro me tenha deixado desiludida. Habituada à riqueza de expressão do autor moçambicano, achei este livro pobre, principalmente no que se refere à construção das (pequenas) histórias. Ficámos sempre à superfície, sem vontade de mergulhar. Talvez porque não haja profundidade suficiente...

Ainda assim, não é por isso que deixarei de seguir a obra deste autor, o qual claramente merece a minha atenção. Mesmo que, de vez em quando, apareça uma obra menor.