Trabalhos manuais e prendas de Natal

Este ano, houve algo que me deixou muito contente no Natal. E particularmente orgulhosa.

Consegui realizar, com muito trabalho árduo, grande parte dos presentes que ofereci a familiares e amigos.


Houve marmelada e geleia, em coloridos embrulhos vermelhos e brancos.


Houve peças bordadas a ponto-de-cruz para os bebés que estão quase aí a chegar.


E houve biscoitos de limão e de gengibre, numa aventura que durou várias horas e muitas fornadas!


No final, ficou uma grande felicidade da minha parte, em ser capaz de "criar" tudo isso, e em poder ver um sorriso do outro lado.
Isto, sim, é Natal.

A pele onde eu vivo

A minha última incursão a uma sala de cinema marcou o regresso ao Atlântida Cine (essa mítica sala de Carcavelos), para ver o último filme de Pedro Almodóvar, na companhia (habitual) da prima Carol.
O mais recente filme do realizador espanhol conta a história de Robert Ledgard, cirurgião plástico de renome e líder em novas terapias celulares adoptivas. (Aliás, aí está todo um capítulo sobre o qual poderia falar e que se refere à correcção com que são abordados os assuntos referentes à parte científica... valha-nos Santa Engrácia...)
Robert perdeu a mulher e, algum tempo depois, a própria filha, ambas em circunstâncias traumatizantes. O facto de a mulher ter sofrido queimaduras gravíssimas num acidente de automóvel deu-lhe a motivação para desenvolver uma terapia de forma a tornar a pele resistente a todo o tipo de agressões. Mas esta procura irá levá-lo a ultrapassar todos e quaisquer constrangimentos éticos...

Os filmes de Almodóvar conseguem abranger estilos algo diferentes, embora sempre com uma procura de "chocar" o espectador, de o emocionar. E sim, é verdade, é difícil ficar indiferente a um filme dele. Este "A pele onde eu vivo" fez-me lembrar "Má Educação", talvez porque me tenha, também, revoltado as entranhas. Tive uma daquelas reacções viscerais, de repulsa. A história é revoltante (parece-me incrível que algum dia alguém tenha, sequer, pensado em semelhante coisa), mas muito bem contada, com a cadência adequada. Não deixei de sair do cinema impressionada (e muito!). Aliás, durante alguns dias, não me saiu da cabeça aquela história, aquelas personagens...

Gostei muito do filme e aconselho-o a todos aqueles que se considerem suficientemente fortes. Aos outros, talvez seja melhor não o fazer. ;)

O homem que gostava de cães - Leonardo Padura

Ora aqui está um livro que comprei porque: (1) gostei do título; (2) quando vi que era sobre a vida de Trotski no exílio e sobre o seu assassinato, gostei ainda mais. E, assim, lá o comprei. Mas ficou uns bons 6 meses na estante, à espera de tempo e vontade para o ler. Que, finalmente, chegaram.

Leonardo Padura, escritor cubano, faz uma abordagem original do tema, que é contado a três vozes: o narrador propriamente dito, Iván; Liev Trotsky, ele mesmo; e Ramon Mercader, o homem que será o seu carrasco. A história começa quando, com a mulher às portas da morte, em 2004, o cubano Iván resolve contar-lhe uma história que carrega consigo há mais de 30 anos, e que começou no dia em que, numa praia de Cuba, conheceu um homem enigmático, acompanhado de dois galgos russos, que lhe revelou pormenores sobre a morte de Trotsky... Depois, recua até ao final dos anos 1920, altura em que Trotsky é enviado por Estaline para o exílio, e a partir daí continua a história, sempre intercalada entre as três personagens, até à altura da sua morte, no México, em Agosto de 1940.

Este é um livro, acima de tudo, sobre a desilusão, e uma enorme crítica ao comunismo. Ou como se processa a queda de uma utopia. Para mim, é um notável exercício sobre a nossa história recente, particularmente sobre a cultura russa, que é algo que, desde sempre, me fascinou. É um daqueles livros que serve dois propósitos: entreter e ensinar. E, por isso mesmo, aconselho vivamente a sua leitura. Até porque o saber não ocupa lugar.

Comédia de Insectos

Depois de muito procurar, não consegui arranjar uma imagem adequada para aqui colocar! Vai sem imagem, então.

Na passada quarta-feira, 30 de Novembro, o TUT (Teatro da Universidade Técnica) apresentou no Teatro da Trindade, por ocasião do 90º aniversário de Jorge Listopad (fundador do TUT), a peça Comédia de Insectos. Como é que eu soube do evento? Porque a Ana Rita Pires, minha colega de trabalho, integra o TUT e participa na peça. :)
Comédia de Insectos é uma peça da autoria dos irmãos Josef e Karel Capek, e teve, neste caso, encenação de Júlio Martín da Fonseca. É, a modos que, uma sátira à sociedade contemporânea, retratada através de diferentes comunidades de insectos - desde a avareza dos escaravelhos à inconsequência das belas borboletas. É uma interessante reflexão sobre a condição humana.

Gostei da peça, mas gostei principalmente de ver a Ana Rita tão bonita e confiante em palco. É assim mesmo, mulher! Continua assim.