Berlin 1961 - Frederick Kempe

Novamente, demorei cerca de 3 meses para ler um livro. Não houve falta de interesse, quanto muito houve falta de tempo...
Berlin 1961 foi dos livros mais interessantes que já li. E há várias razões para isso. Primeiro (e talvez a razão mais importante), pelo tema - o livro concentra-se nos acontecimentos políticos de 1961 que levaram à construção do muro de Berlim. E este é um dos temas histórico-políticos que mais desperta o meu interesse, talvez pelo facto da queda do muro ser o primeiro acontecimento histórico do qual tenho memória (tinha 7 anos no ido ano de 1989). Mas também pelas marcas que o muro deixou, não só em Berlim, como em toda a Alemanha e também na Europa. Na minha cabeça, e até ler este livro, era um acontecimento sem explicação - um muro a dividir uma cidade a meio. Porquê?

Logo por aqui, podem perceber que a motivação para ler este livro era muita. E muito aprendi ao lê-lo. Como por exemplo, que a construção do muro não foi uma inevitabilidade, como Kennedy provavelmente achou (o presidente americano chegou a dizer que comparativamente à alternativa - guerra nuclear - um muro em Berlim foi uma solução pacífica). Mas mais provavelmente o fruto das personalidades de Khrushchev e Kennedy em conflito. Principalmente, fica a ideia que há acontecimentos mundiais que são quase fortuitos. Aleatórios. Joga-se a vida de gerações de pessoas sem praticamente medir consequências. Aconteceu na altura, como acontece hoje em dia. E continuará a acontecer. Mas vale a pena perceber porque e como se chega a tais situações. Por isso, não posso recomendar mais vivamente a leitura deste livro. Creio que está escrito de forma bastante neutra, por um filho de pais alemães nascido nos Estados Unidos da América, para sempre marcado pelas consequências da Guerra Fria.

Porque a alienação não é forma de vida.

Turner & The Sea

Aproveitando a visita dos primos, foi tempo de ir até Greenwich visitar o Museu Marítimo e a exposição que por lá tem estado patente, Turner & the Sea.
Turner é um pintor que faz parte do meu imaginário de adolescente, associado aos manuais de Português, onde invariavelmente via as suas obras associadas a temáticas relacionadas com os Descobrimentos e a relação dos escritores portugueses com o mar. Nem a propósito. Turner é realmente um pintor algo obcecado com o mar.
A exposição ofereceu um leque alargado das suas obras, mas também algumas de pintores que o influenciaram. Telas a óleo, aguarelas, pequenos, médios e grandes formatos, teve um pouco de tudo. Confesso que não gostei particularmente das aguarelas, demasiado minuciosas para o estilo. O que mais me agradou, e que é algo de característico em Turner, foi a forma como consegue capturar a luz de uma cena e, através do uso dos brancos, transmitir um grau de luminosidade dificilmente visto neste género de pintura. Gostei.

Aos 8 meses, o teatro

Finalmente uma ida ao teatro, nesta cidade onde parece ser essa a forma artística primordial. Depois de uma tentativa falhada, consegui ver o segundo capítulo deste "Vale of Health", um conjunto de quatro peças de Simon Gray em cena no Hampstead Theatre. As peças, todas interligadas, são baseadas numa peça original intitulada Japes. Depois, essa história, que segue dois irmãos e a complicada vida que os une, foi explorada através de opções alternativas e pontos de vista paralelos - cada um originando uma peça complementar. A tal que perdi foi mesmo o original Japes (irmão mais novo). Desta vez, tivemos direito a Michael (irmão mais velho). As perspectivas são diferentes e é suposto criarem um todo que permite melhor perceber (e completar) o original. Para já, ainda não sei. Em Maio há mais peças. Mas gostei muito de Michael e da forma como a representação é real e próxima do público. Para repetir, definitivamente.