O segundo round do sofá

Passado cerca de um mês da primeira sessão, fomos novamente escolhidas para os sons do sofá, desta vez na zona sul da cidade. Nunca tinha ido para aqueles lados, tão a sul do rio... mas há que explorar, por mais intimidante que por vezes seja.
Desta vez, fomos parar a um contentor. Sim, um daqueles armazéns que por cá são muito comuns por baixo das linhas de comboio... Aparentemente, neste caso específico, é um contentor onde se faz arte. Onde em cada canto de vêem peças por acabar, pedaços de instalações... um pouco pseudo-artístico para meu gosto, mas tenho que deixar de ser tão crítica. Um palco pequenino, em jeito de caramanchão, estava instalado numa das pontas do armazém, com o público a acumular-se sentado pelo chão. Como é costume.
No primeiro acto, Sophie Jamieson, miúda de ar muito tímido a esconder-se atrás da guitarra (e dos rapazes que com ela tocavam). Música muito interessante até porque, ainda que inesperado, a miúda tem um vozeirão impressionante. Segundo acto, troca o estilo. Ao anunciar o nome, Nina Miranda, uma vaga sensação de familiaridade. Mas não foi até à segunda canção, quando ela cantou Under Water Love, que eu percebi que tinha à minha frente a antiga vocalista dos ingleses Smoke City. Brasileira de origem, Nina trouxe um pouco mais de ritmo à sessão. Uma surpresa muito agradável. Para fechar, mais um vozeirão: dois rapazes, um com uma guitarra, outro com o seu cabelo. Seafret de seu nome. A mim fez-me lembrar tremendamente Simon & Garfunkel, não por causa do estilo musical, mas mesmo por causa do estilo físico dos dois rapazes: não muito altos, um mais tímido e (também ele) escondido atrás da guitarra, enquanto o outro anda obviamente a copiar alguém, com o seu cabelo loiro quase em afro. Som muito cru, com a voz a ressoar pelos espaços vazios. E o pessoal a arrepiar. Som deveras interessante, sem dúvida, bem mais interessante do que o que descobri no dia seguinte através do Spotify, em que soou um bocadinho mais pop do eu gostaria...
Enfim, uma noite muito interessante, em que fui dormir de coração cheio. Às vezes acontece.

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