Das pertenças


Um dos títulos mais sugestivos que li até hoje. No one belongs here more than you. Ninguém pertence a este sítio mais do que tu.
Acima de tudo, irónico. Não me sinto pertencer de todo a esta realidade. Mas falemos do livro. Presente de aniversário abandonado na minha secretária, deixou-me confusa por uns momentos. Mensagem subliminar? Livro de contos, histórias pequenas (ou nem tanto) de conteúdo diversificado, mas talvez com um ponto em comum - a estranheza das suas personagens. Pertencem? Não pertencem? Ninguém pertence aqui mais do que elas. Portanto, para mim, essa é a mensagem do livro. A pertença é uma falsa questão e nada tem a ver com os trâmites sociais em que nos inserimos. É, provavelmente, uma questão de atitude. E, talvez por isso, haja pessoas que não pertencem a lado algum. Como este sentimento que me assombra.
O livro, esse, é muito interessante. Provocador. Feminino. Pertence em definitivo a este blogue.

Mais divagações

Estou cansada e isso deixa-me triste. Vulnerável. Tem sido um regresso ao trabalho bastante ocupado - o que é muito bom, sem enganos nesta parte. Mas ajuda ao cansaço. Isso e as noites mal dormidas. Com sonhos que me assombram de tal forma que repercutem no meu cérebro pelo dia fora. Sempre o mesmo tema... Estou cansada. Ansiosa com a semana que se avizinha. Receosa do que ela trará. Tento focar o meu pensamento na semana a seguir, de férias, de amigos. Que falta me fazem esses. Tanta que já nem a consigo sentir. O meu coração está anestesiado, hibernado no frio desta condição. À espera do calor de outras realidades.

Adivinha quem voltou

Não, este apontamento não é sobre os Da Weasel.

Faço hoje quatro anos de Londres. Quatro anos desde aquele domingo que começou cedo, com um voo madrugador, até uma cidade quase desconhecida. Relembro a estranheza. A sensação de desconforto. O que são estas ruas? Quem são estas pessoas? Quatro anos depois, não vejo estranheza. Pelo menos, não a estranheza do desconhecido. A sensação de não-pertença, essa, ainda está lá. Independentemente dos acontecimentos. Independentemente das pessoas a quem me ligo / tento ligar. É um esforço inglório. Páro de tentar. Como é que diz aquela canção dos Smashing Pumpkins? "The more you try, the less you fit"? Já não me recordo bem. Mas acho que é algo desse género. O Billy Corgan é que sabe. Se calhar também viveu em Londres. Ele é que percebe dessas coisas de pertencer. Há pessoas que nunca pertencem. Para parafrasear a minha avó paterna - não são deste mundo. Ela só se enganou na neta a quem se referia. Mas se calhar eu fui uma criança muito mais simples do que este adulto em que me tornei.

Com este apontamento algo sombrio de fim de dia (de fim da semana), vos deixo. Hoje é sexta-feira e não domingo, bem mais simpático para "festejar". E o fim de semana está aí, cheio de possibilidades. Menos de sol, que isso é coisa rara cá por estas bandas.
Não prometo escrever para breve. Tenho pensado muito nisso e nunca concretizado. Por isso mais vale manter-me afastada das promessas. Faço melhor figura. Com a esperança que a vontade vá aparecendo.