Viagem à Suiça do Médio Oriente (aka, Jordânia) - dia 4, ou o paraíso de Dana

Hoje fazemos uma pausa de Petra. Vamos até à reserva de Dana, um pouco mais a norte, ao longo da famosa King's Highway. Desde que abri o guia da Jordânia recém-comprado que me fugiram os olhos para esse lugar, um pouco perdido, de montanhas verdejantes. Mas estamos no período pós-Verão, por isso não há grande vegetação que resista.
Pelo caminho, o nosso motorista de táxi sugere-nos uma paragem em Shobak, local onde se encontram instaladas ruínas de um castelo. Não me lembro de que altura... será do tempo das Cruzadas? Acho que sim. As ruínas estão bem preservadas e a localização do castelo é impressionante, rodeado de montanhas áridas a toda a volta. Daquelas paisagens que não me canso de admirar. Dali até Dana, vamos antevendo um pouco a paisagem que nos espera, com a escarpa da montanha a brincar connosco às escondidas.

Dana é uma pequena aldeia, composta em tempos por pequenas cabanas de pedra. Hoje, a maioria está abandonada e transformada num amontoado de pedras, mas também se vêem algumas recuperadas e que albergam pequenos hotéis e restaurantes. A exploração (no bom sentido) de Dana é recente, e ainda são poucos os turistas com que nos cruzamos por aqui. No extremo da aldeia, temos o início do tão ansiado trilho que desce a montanha e atravessa o vale até Feynan. Infelizmente, não temos tempo para essas andanças (fica a vontade para uma próxima vez), mas descemos um pouco a encosta para sermos arrebatados pela paisagem que nos rodeia. É avassaladora. Mais uma vez, sinto que as fotografias que possa tirar não fazem justiça ao local e, talvez por isso, não tiro muitas. Prefiro sentar-me e admirar. Perder-me na imensidão daquilo que os meus olhos percebem e que não consigo transmitir, seja por fotografias ou por palavras.

Depois de enchermos a alma com o local, regressamos à aldeia à procura de alimento para o corpo. Não há muitas opções e acabamos na cooperativa para o desenvolvimento da região (ou algo desse género). E ainda bem que o fazemos. Após uma confusão inicial, lá conseguimos encomendar o almoço (ligeiro, vegetariano, segundo uma rapariga estrangeira nitidamente neo-hippie que parece estar de alguma forma ligada à administração do local). Enquanto a comida não chega, é-nos servido um chá no terraço solarengo. Mas a comida não tarda e em breve somos chamados até à sala de refeições. A quantidade de comida é um exagero e vem no formato de quatro pratos diferentes: uma mistura de batata frita e ovo (a lembrar o prato que a mãe fazia aos domingos à noite), gallaieh, salada de tomate, pepino e pimento, e umas almôndegas de borrego. E pão a acompanhar, está claro. Tenho apenas uma palavra para descrever o manjar: divinal. A comida tem tanto de simples como de saborosa. Apetece comer e continuar a comer até o corpo não aguentar mais. Mas como já sou crescida o suficiente para saber que isso é uma má ideia, páro. Depois do almoço, regressamos ao terraço e ao baloiço por lá instalado para bebermos mais um chá. Uma meia hora de puro relaxamento debaixo do sol.
Começo a acreditar no que o autor do guia diz a respeito deste local: independentemente do que se faça, dá vontade de ficar. De não partir. Principalmente para o bulício de Wadi Musa.

Vista do Castelo de Shobak

Castelo de Shobak

Castelo de Shobak

Reserva de Dana

O nosso manjar divinal

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