Viagem à Suiça do Médio Oriente (aka, Jordânia) - dia 6, ou o fenómeno do Vale do Rio Jordão

Agora que estamos baseados em Amman, temos o norte do país para explorar. E uma das primeiras coisas que queremos fazer é ir mergulhar no Mar Morto. Que é como quem diz flutuar, porque mergulhar não dá, com tamanha concentração de sal!
Para o efeito, escolhemos um tour sugerido pelo hotel, com visita ao Monte Nebo, Madaba, ao local do Baptismo de Jesus Cristo e, finalmente, ao Mar Morto. Partimos pela manhã, depois de pequeno-almoço na cama (o hotel não tem sala de refeições). A primeira paragem é no Monte Nebo, local onde Moisés morreu, não sem antes ver a Terra Prometida. Hoje em dia, há uma igreja no cimo do monte (local onde sempre existiu um lugar de culto religioso), com mosaicos muito bem conservados, E há a vista, a perder de vista (perdoem-me o jogo de palavras), com o Vale do Rio Jordão ao fundo, a desembocar no Mar Morto. Por momentos, fico um pouco perdida em relação à razão pela qual é a Terra Prometida. Difícil imaginar, num cenário tão árido... mas é certo que o vale é mais verdejante e a diferença notória. Aceito essa com sendo a razão. De seguida, paragem (demasiado) curta em Madaba, onde temos direito a visitar a Igreja Ortodoxa de São Jorge e a ver o emblemático mosaico que representa a Terra Prometida. Madaba é uma cidade maioritariamente cristã, fruto de influxos migratórios de outros tempos. Contudo, não há tempo para explorar. Tenho que confessar que não gosto nada deste género de passeios, com paragens curtas para retirar itens da lista de viagem.
Depois descemos ao Vale para visitarmos o local onde Jesus foi baptizado. É maior a curiosidade do que propriamente o interesse histórico. Quando me apercebo que a visita dura cerca de uma hora e meia, arrependo-me quase de imediato.
O rio Jordão já não passa no ali, mas ainda é possível ver uma espécie de pia baptismal, parte das sucessivas igrejas e capelas que foram aí construidas como local de peregrinação. O rio passa agora um pouco mais ao lado, e é uma visão algo estranha. Sendo que é a fronteira entre a Jordânia e Israel, temos à nossa frente, a uns escassos três metros de distância, Israel. Do lado israelita, o local está muito mais explorado e há até um grupo de pessoas a fazer abluções no rio...
No vale faz calor, muito mais calor. Deverão ser quase 10ºC de diferença. É um fenómeno inusitado, mas que acaba por fazer sentido, se considerarmos que todo o vale está abaixo do nível do mar. Ou pelo menos esta parte.
Ansiosos que estamos, seguimos para o Mar Morto. Já se faz um pouco tarde e estamos cheios de fome. É nossa opção acedermos ao Mar Morto em Oh Beach, mas acaba por desapontar - as condições no resort são fracas e  o acesso ao mar mais parece um local de obras. Mas nada quebra o nosso entusiasmo! O sol está a descer rapidamente e nós entramos na água salgada - é possível "ver" o sal a movimentar-se na água quando em contacto com o nosso corpo. O impulso é forte e é impossível fazer outra coisa que não seja flutuar. De costas. Experimento nadar e as pernas saem de água, como se impulsionadas por uma mola. Uma experiência estranhíssima, mas que nos deixa a brincar dentro de água como crianças. O sol começa a pôr-se e oferece-nos um cenário único, a gravar na retina. Depois do banho, ainda houve direito a máscara facial de lamas, a secar ao pôr-do-sol.
Embora não tenha sido a experiência que idealizamos, com direito a spa e massagem, foi ainda assim algo que nos deixou de sorriso nos lábios. E muito sal no corpo, a formar um estranho filme gorduroso na pele, que só depois de um longo duche consigo retirar.

Vistas do Monte Nebo

Monte Nebo

Em Madaba

Sítio do baptismo de Jesus Cristo

No Mar Morto

Pôr-do-sol no Mar Morto

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